02/07/2007

Thomson

A cidade de Manchester, na Inglaterra, é famosa por suas numerosas e riquíssimas bibliotecas. A de John Ryland, por exemplo, formada por uma coleção do segundo duque de Spencer e pelos antiquíssimos manuscritos do duque de Crawford, contém incunábulos renascentistas, bíblias do tempo de Gutenberg e obras de luxo que remontam ao século XVII. Existem muitas outras, especializadas, como a de História Local, a Judaica, a Americana e a de Coleções Especiais. Particularmente importante é a que fica num edifício de pedras em estilo gótico à Rua Chenel, no subúrbio de Chetham. É a mais antiga biblioteca pública da Inglaterra, pois foi fundada em 1653 pelo testamento do comerciante Humphrey Chetham.
Todas elas certamente formaram uma tradição que se fez pesar na escolha de profissão do Sr. Thomson, típico pequeno burguês da cidade. Ele fundou uma livraria muito conceituada, tanto que passou a ser freqüentada por muita gente importante, como o famoso físico Joule, ao qual um dia apresentou seu filho.
O orgulho do livreiro era um jovenzinho de catorze anos, em cujos olhos assustados se podia perceber uma inteligência superior. Tinha nascido a 18 de dezembro de 1856 e recebido o nome de Joseph John.
A mãe parecia ter saído das páginas de um romance de Dickens; tímida, de pequena estatura, grandes olhos negros e maneiras muito amáveis. Apesar de aparentemente frágil, teve forças para cuidar sozinha da educação do menino, após a prematura morte do pai, antes dos quarenta anos.
Pouco antes disso, o Sr. Thomson tinha matriculado o adolescente na melhor escola de Manchester, o Owens College. Ali ele poderia receber ótima educação a fim de preparar-se para estudar engenharia, carreira que sempre o pai lhe desejara.
Com muito esforço e sacrifícios pessoais, a mãe conseguiu fazer prosseguir os estudos do rapaz e viu coroado de êxito seu empenho quando J.J., como viria a ser chamado por toda a vida, se diplomou brilhantemente em Owens, tendo inclusive publicado um trabalho sobre o fenômeno da eletrização por contato.
Por ter sido excelente aluno, um dos professores sugeriu-lhe que tentasse o ingresso no célebre Trinity College, em Cambridge. Da primeira vez não foi bem sucedido, mas no ano seguinte, 1876, recebeu uma bolsa de estudos que lhe permitia viver, ainda que modestamente. Sensibilizada pelo estudante pálido e magro, modesto e gentil, que varava as noites devorando livros, a dona da pensão que o abrigava cuidava de aquecer-lhe o quarto contra os rigores do inverno.
Cambridge significava para J.J. não apenas um excelente meio de desenvolvimento intelectual, mas também de ascensão social para quem, como ele, viera da classe média.
E foi, provavelmente, essa inclinação que o fez participar brilliantemente do famoso "mathematical trips", exame que tinha caráter de competição esportiva, revelando o aspecto um pouco escolástico adquirido pela disciplina em Cambridge. Para essa maratona intelectual, J.J. preparou-se com afinco durante três anos e obteve o segundo lugar, provavelmente por causa de sua lentidão no escrever.
Prêmio mais significativo recebeu anos depois, em 1883, por seu trabalho sobre movimentos vorticosos. Era o Adam's Prize, e mareava o início de suas preocupações com a estrutura do átomo.Essas preocupações desenvolveram-se muito quando passou a trabalhar na determinação da unidade eletromagnética e eletrostática no laboratório Cavendish, sob direção de Lord Rayleigh, ao qual viria suceder

Nenhum comentário: